sexta-feira, 22 de maio de 2015

Dom Jaime fala sobre Seminário Social Regional


(Foto: Cacilda Medeiros)

No período de 27 a 29 de maio, Natal sediará o Seminário Regional “Nordeste, 60 anos depois: Mudanças e Permanências”, que dará início às comemorações alusivas aos primeiros encontros dos bispos do Nordeste, no ano de 1956, na cidade de Campina Grande (PB). O evento tem por objetivo, refletir acerca das questões sociais do Nordeste e contará com a participação de importantes nomes dentro desta temática, além da participação dos ministros da república Miguel Rossetto e Tereza Campello. As inscrições são gratuitas e estão abertas no site da Arquidiocese de Natal (www.arquidiocesedenatal.org.br/seminario-regional). O evento será realizado na Escola de Governo, no Centro Administrativo, no bairro Lagoa Nova, em Natal e é promovido pela Arquidiocese de Natal, Observatório Social do Nordeste e RN Sustentável. Nesta entrevista, o Arcebispo Metropolitano de Natal e presidente do Observatório Social do Nordeste, Dom Jaime Vieira Rocha, fala sobre a proposta do encontro e qual a expectativa acerca desta reflexão sobre o Nordeste.

Porque realizar este seminário “Nordeste, 60 anos depois”?
Sempre dediquei muita atenção à ação da Igreja no seu passado, que proporcionou o presente para nós, hoje. A Igreja de Natal e a Igreja do Nordeste brasileiro é marcada por um protagonismo. O Regional Nordeste 2, da CNBB, por onde passaram grandes bispos, desde a década de 50, se voltavam com muita solicitude para o povo, que encontrava na Igreja, a única voz que pudesse estar a seu favor, mostrando a sensibilidade para com as suas necessidade extremas. Se nós olharmos bem o que foi a ação da Igreja em décadas passadas, sobretudo na vulnerabilidade social da vida humana do nordestino, diante do flagelo das secas, que nem se falava nesta atitude de compreensão, de convivência com o semiárido, mas era aquela velha indústria das secas, a exploração do homem pelo homem, o desvio de recursos públicos, a venda e até o desvio de alimentos que vinham para os flagelados, vamos perceber o trabalho dos bispos, no âmbito pastoral e espiritual. Eles sempre tiveram iniciativas muito visíveis, não só pelo primeiro encontro de Campina Grande, em 1956, mas, também, o segundo em Natal, no ano de 1959, até levar a região a se organizar, do ponto de vista civil, político e econômico, com a criação da SUDENE. Foi um organismo criado para prover o desenvolvimento do Nordeste. Depois disso, a ação foi mais do ponto de vista do profetismo, com o lançamento de documentos muito sérios por parte dos bispos. Era a voz da Igreja em defesa dos nordestinos. Por essa razão, eu vejo que nos voltarmos para uma Igreja servidora, atenta aos mais marginalizados e desejosa que todos tenham vida, vale a pena fazer o resgate desses que nos precederam e é também constatável, um pouco de distância desta Igreja, que nos plasmou para o presente, mas como que esquecida e que agora, diante de tanta carência, é necessário e oportuno que a Igreja se manifeste. Que ela seja um palco, um espaço onde possa catalisar opiniões e ações, não se comprometendo ou assumindo o papel do governo, mas, contribuindo com a reflexão, para aquilo que deve ser feito em prol de um Nordeste mais digno e mais viável.

No geral, que programação está sendo organizada para este seminário, que será realizado de 27 a 29 de maio, em A programação já está elaborada. Nós vamos dar um enfoque nestes primeiros momentos, como a própria SUDENE, porque são dez anos de falecimento de Celso Furtado, que foi o primeiro superintendente deste órgão. Então, a esposa de Celso, Rosa Furtado estará presente para fazer esta memória, este resgate do seu esposo, como economista. Também virão outros ministros de estado, para questões bem atuais, como a questão do solo, da desertificação, que acontece, por exemplo, no nosso seridó, a questão ambiental e ainda, o viés político, uma contribuição, que vai ser dada em termos de reflexão sobre a própria consolidação democrática. Enfim, será um grande momento que contará com uma dimensão política bastante visível e também com uma cooperação de instituições. É uma contribuição que a sociedade e a Igreja dão para o Nordeste, vendo suas perspectivas, apontando pistas. Aí o governo terá elementos, se não os já conhecem, para ter uma atenção maior com o Nordeste.

Quais as suas expectativas para este evento?
Esta é uma oportunidade para a consolidação do Observatório Social do Nordeste. Natal, que sedia o encontro, tem uma tradição muito grande, de referência nessa área de ação social. Contamos com o apoio do setor social e outras instituições da Igreja. Também temos o apoio de instituições civis, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, entre outras faculdades, como a nossa própria Faculdade Dom Heitor Sales. Também contamos com a colaboração de universidades da Paraíba, inclusive no patrocínio do relançamento dos anais dos primeiros encontros dos bispos do Nordeste, além do RN Sustentável. Enfim, será um momento muito rico de reflexão sobre o Nordeste, para que tenhamos mais interesse por esta região.

Que mensagem de motivação o senhor deixa para as pessoas participarem deste evento?
Deixo aqui o convite a você, meu caro leitor. Participe, se interesse, veja, acompanhe, sobretudo neste tempo, em que vivemos uma situação de crise. É importante que vejamos esta oportunidade como importante para uma reflexão acerca do nosso Nordeste, pois nós somos responsáveis por esta terra que amamos e que tem uma característica muito bonita de cultura, de história e de transformação na sociedade. Certamente vai ser muito positivo o seminário sobre o Nordeste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário