“A dependência pode começar com uma cervejinha inocente…”
Os especialistas afirmam que em nenhum período da história houve uma civilização livre das drogas. Na antiguidade egípcia se comia ópio, na Grécia o vinho era cultuado, índios cantam e dançam em rituais regados a plantas alucinógenas. As drogas permitidas em nossa sociedade, como a bebida, são consumidas por bilhões de seres humanos; já as proibidas, como a maconha e a cocaína, prosseguem fazendo suas vítimas, sobretudo entre os jovens.
Milhões são gastos para reprimir o comércio das drogas ilegais e muito mais para conscientizar seus efeitos devastadores ou recuperar os que se viciaram. Os males relacionados ao uso de drogas são amplamente conhecidos.
Por que mesmo assim, as drogas continuam a exercer tanto fascínio? Por que atraem mais e mais jovens num tempo de tanta informação?
Eles respondem, e o caminho percorrido em nossa Comunidade Bethânia confirma isso: os motivos são tantos quantos forem os homens e mulheres que experimentam. Porém, algumas razões são mais bem identificadas: a perda de sentido da vida, a desagregação familiar, a falta de valores e referenciais sólidos.
Droga, num sentido amplo, é qualquer substância capaz de exercer influência sobre o organismo. Vai desde um antigripal até as chamadas drogas psicotrópicas ou psicoativas – palavra originária do grego que pode ser traduzida como “aquilo que age sobre a mente”. São substâncias que alteram os sentidos, induzem à calma ou à excitação, potencializam as alegrias, as tristezas, a depressão e a fantasia. Em alguns casos, levam à alucinação, ou como se diz, dão “barato”.
O contato com a droga acontece cada vez mais cedo. Na rua, na noite, no colégio, em casa. Algumas substâncias ilegais aparecem com freqüência em campanhas de combate às drogas, tais como maconha, cocaína, êxtase. Outras como o álcool e a nicotina (presente nos cigarros) são de uso quase livre e muitas vezes o primeiro contato acontece em casa, com a família. Há também as drogas chamadas “invisíveis”, porque seu consumo entre os jovens raramente é discutido, sendo remédios calmantes e moderadores de apetite, que, muitas vezes, com receita médica acabam sendo usados indiscriminadamente por meninos e meninas em busca de sensações diferentes. Muitos jovens fazem uso de colas e solventes presentes em tantas despensas domésticas.
Assim como a religião, as drogas atendem a uma necessidade primordial do ser humano que é sair de sua própria consciência, transcender o cotidiano. A diferença principal está no fato de as religiões sempre controlarem o uso de suas “drogas”, dando-lhes a dimensão do sagrado. Hoje, as substâncias entorpecentes são usadas, sobretudo, para fugir da realidade e evitar as lutas e embates em uma sociedade claramente desumanizadora e sem Deus. O jovem se embriaga para esquecer dos problemas; fuma para relaxar; cheira cocaína para trabalhar; engole tranqüilizantes para a “dor-de-cotovelo” e, pouco a pouco, se torna dependente.
A dependência pode começar com uma cervejinha inocente, ou um cigarro de maconha. Pode ser que não aconteça esta dependência, mas após muitos anos de uso de cocaína, sim, acontecerá. Mas, como numa roleta russa, ao experimentar uma droga, qualquer uma, o jovem dificilmente saberá se a “bala está na agulha”. Pois o “disparo”, ou seja, a dependência, tem mais chance de acontecer com algumas drogas e menos com outras, mas a verdade é que o risco de ser atingido é real e muitos têm sido alvejados e as conseqüências são trágicas.
A Comunidade Bethânia tem testemunhado essa realidade ao acolher filhos e filhas desfigurados pelas drogas. Convencidos de que Deus é a resposta!
Padre Vicente, SCJ – Comunidade Bethânia
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